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Porque assistir “Caminhos da Floresta” (Into the Woods)
- Nathalia Romae
- 6 de set.
- 6 min de leitura
Eu sou uma pessoa que gosta de ser pega desprevenida, gosto de plots inesperados e que me façam sair da zona da expectativa.
E também sou uma pessoa que cresceu assistindo a filmes da Disney, então acabo me envolvendo bastante com filmes musicais (sendo ou não da Disney).
Não digo que musical é o meu gênero preferido, mas gosto muito de conhecer histórias por meio da música, porque me ajuda a memorizar cada acontecimento dos filmes.
Esse filme que eu vou analisar hoje teve uma crítica majoritariamente negativa e, para mim, foi um choque, porque eu gostei demais desse filme. Então, estou fazendo parte do % de defensores do filme Caminhos da Floresta (ou Into the Woods).
Sinopse
O filme de 2014 é uma adaptação da peça da Broadway escrita por Stephen Sondheim e James Lapine, estreada em 1987, que conta a história de um padeiro e sua esposa que precisam reverter uma maldição, jogada por uma bruxa, para que possam ter um filho. Nessa jornada, eles precisam adentrar a floresta para que possam obter os ingredientes e fazer a poção para a bruxa.
A partir dessa aventura, descobrimos que todos os ingredientes que precisamos estão na posse dos famosos personagens de contos de fadas.
Alguns dos principais motivos para que a maioria do público não gostasse do filme foram uma narrativa lenta e longa, principalmente do meio para o final, mas acho que existem pontos que valem a pena ressaltar o porquê o filme não é de todo ruim.
Meryl Streep no elenco
Preciso mesmo discorrer sobre?
Bom, raramente uma obra com a Meryl Streep vai ser ruim. Ela tem um carisma que transcende qualquer personagem.
Quem já assistiu a “Mamma Mia” sabe do potencial vocal da atriz, então acho que nem a atuação e nem a capacidade de canto foram um problema, acho que ela entregou muito nesse papel.
Principalmente nas cenas relacionadas a Rapunzel. Ela aparece como uma bruxa poderosa e imponente, mas uma mãe adotiva super protetora (até mesmo possessiva) e vulnerável quando se trata de sua menina.
Então, para mim, a atuação da Meryl, além de convincente, me deixou com aquele gosto de quero mais quando ela não estava na tela. Eu adorei as facetas que a bruxa apresenta em diversas situações do filme (tanto que ela é uma das minhas favoritas, não só por causa da atriz).
Ligação dos contos de fada
O que enriquece a narrativa é essa conexão dos contos de fada.
O Padeiro e sua Esposa, como protagonistas, são o centro que liga os contos da Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão, Cinderela e Rapunzel.
O Padeiro, em certo ponto da história, participa até mesmo como os personagens secundários dos contos da Chapeuzinho e do João.
Ele atua como o Caçador que salva a Chapeuzinho e a Vovó do Lobo Mau. Por conta disso, a garotinha dá seu capuz vermelho como agradecimento, o que foi útil para ele, já que o capuz é um dos ingredientes pedidos pela bruxa.
O Padeiro também participa do conto do João e o Pé de Feijão como o homem que enganou o garoto trocando a vaca por feijões mágicos (sim, a vaca também era importante para a poção).
Já os contos da Cinderela e Rapunzel, quem interage com as personagens é a Esposa do Padeiro (interpretada pela maravilhosa Emily Blunt). Ela conversa com a Cinderela para conseguir o sapatinho da moça para a poção. Já com Rapunzel, ela finge ser seu príncipe para conseguir parte do seu cabelo, também ingrediente para essa poção (sim, uma poção muito maluca que precisa de um capuz, uma vaca, cabelo e sapato). E sim, o cabelo da Rapunzel porque segue características específicas.
Outra conexão interessante é sobre a bruxa. Ela é a mesma bruxa que é vizinha dos pais da Rapunzel e que, após o pai roubar de sua horta, fez um acordo com ele para levar o bebê embora. Ao mesmo tempo que a Bruxa de Caminhos da Floresta é dona dos feijões mágicos do conto de João.
Em alguns outros momentos do filme, personagens dos outros contos interagem entre si. Por exemplo, João, em uma de suas voltas no Mundo dos Gigantes, interage com Chapeuzinho, dizendo que seu capuz (feito com pele de lobo) era muito bacana.
Árvore Genealógica
Um ponto que achei interessante no filme é a ligação familiar dos personagens. O Padeiro e sua Mulher são os únicos personagens que não fazem parte de um conto milenar, são inventados apenas para esse filme.
Mas, como para a criatividade não existe limitação, o Padeiro é irmão da Rapunzel. Já que no filme a bruxa, ao esclarecer o motivo de rogar uma praga na família do padeiro, explica que a casa em que ele e sua esposa moram era de seus pais, que o levaram para lá quando ele era um bebê e que sua mãe estava grávida de outra criança, Rapunzel, a qual foi separada da família antes que ele pudesse saber de sua existência.
Como ele não sabia que tinha uma irmã se tinha pais? A mãe morreu de tristeza após ter sua filha tirada de sua proteção e o pai a abandonou ainda bebê (história trágica, não?).
Outra coisa que eu achei legal também (e que me lembrou o desenho Ever After High): os príncipes da Cinderela e da Rapunzel são irmãos. E eles têm um dueto (meio vergonha alheia) para ver quem sofre mais: quem tem uma mulher presa na torre ou a mulher que foge dele sem motivo, já que ele é o Príncipe Encantado (famosa rixa de irmãos, não é mesmo?).
Incluíram parte macabra da Cinderela
Isso foi o que eu mais gostei no filme todo. Como uma boa criança curiosa, eu pesquisava histórias de terror; numa dessas, eu descobri a versão macabra de Cinderela dos Irmãos Grimm.
Cinderela, em si, é um conto que não possui apenas um criador; possui a versão chinesa (mais antiga, que descobri recentemente), a versão de Charles Perrault e a dos Irmãos Grimm (que conheci na infância).
A versão dos Grimm consiste na madrasta e nas irmãs serem muito bonitas, mas cruéis com Cinderela. E, quando ela se sentia sobrecarregada, ia ao túmulo da mãe, onde plantou uma árvore que foi regada com suas lágrimas.
Quando o baile (de três dias) foi anunciado, Cinderela pediu à madrasta permissão para ir, mas ela disse que só poderia ir se pegasse as ervilhas que a madrasta jogou nas cinzas da lareira. Com isso, Cinderela pede ajuda aos pássaros e consegue realizar a tarefa.
Mesmo com o sucesso da tarefa, a madrasta a proíbe de ir e parte para o baile com suas filhas. Com isso, Cinderela vai até o túmulo de sua mãe pedir que a ajude. A partir disso, ganhou um vestido e sapatinhos de ouro (cristal só na versão da Disney).
No último dia do baile, enquanto fugia, acabou deixando o sapatinho de ouro para trás por causa de uma camada de piche das escadarias do palácio, tática que o príncipe encontrou para que a impedisse de fugir.
Com um sapato em mãos, o príncipe foi de casa em casa atrás da dona do sapatinho, até que chegou à casa de Cinderela. Claramente, a madrasta fez com que as filhas testassem, porém, como o sapato não cabia, a madrasta cortou os dedos e os calcanhares de ambas, dizendo que após casar com o príncipe, elas não precisariam andar pela boa vida que levariam.
O príncipe apenas percebeu que havia sangue saindo dos pés das duas moças porque os pássaros, amigos de Cinderela, o alertaram. Com isso, o príncipe viu Cinderela e testou o sapato nela, que coube perfeitamente.
Por conta dos maus-tratos que Cinderela sofreu, os pássaros se rebelaram e furaram os olhos das meias-irmãs (bem levinha a história).
Bem, esses foram os motivos que quis apresentar para que pudessem assistir e tomar suas próprias conclusões. Não deixe de comentar o que achou do musical, se já assistiu ou se não.
Ah, e esqueci de comentar, se você é aquela pessoa que só gosta de finais felizes, muito provavelmente você vai detestar esse filme. Tem muitas reviravoltas a partir do meio do filme que você fica abismada(o).
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