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Conheça 9 mulheres na direção cinematográfica


Alice Guy-Blanché - Reprodução Solax Studios
Alice Guy-Blanché - Reprodução Solax Studios


  As mulheres, pouco a pouco, estão conquistando seu espaço no mercado de trabalho, apesar de ainda possuírem grande defasagem em cargos de posições mais altas. Infelizmente, no audiovisual isso também é realidade.


  Em uma pesquisa feita pelo Centro para Estudo de Mulheres na Televisão e no Cinema da Universidade Estadual de San Diego, dos 250 longas-metragens de maior sucesso em 2023, apenas 16% foram dirigidos por mulheres (equivalente a 40 filmes).


  Apesar desta diferença discrepante, devemos celebrar aquelas que representaram e ainda representam as mulheres nessas posições que, apesar de poucas, ainda existem.

Em homenagem ao Dia das Mulheres, apresento nove dessas grandes mulheres para que você, leitor, conheça alguns de seus trabalhos.



Adélia Sampaio


  Nasceu em 1944 na capital de Minas Gerais. Sua carreira deu início na década de 1960 ao trabalhar como telefonista na Difilm, produtora e distribuidora de filmes, onde adquiriu conhecimentos técnicos através de seus colegas. Mais tarde, em 1971, abriu sua própria produtora e deixou a Difilm.


  Oito anos depois, estreou na direção com o curta-metragem “Denúncia Vazia”, baseado em um acontecimento real de um casal de idosos que morava em seu prédio.

O primeiro longa-metragem sob sua direção também foi baseado em um acontecimento real. “Amor Maldito” (1984) foi baseado no caso de assassinato em onde uma mulher foi acusada de matar a própria parceira.


  É possível analisar que as obras de Adélia possuem cunho político e realizam críticas fortes ao autoritarismo e ao preconceito com minorias. Pois, em suas palavras: “A realidade me inspira”.


  Atualmente, Adélia está com 81 anos e todas as obras em que participou na direção, produção ou roteiro estão disponíveis no canal no Youtube com seu nome.



Éléonore Pourriat


  Nasceu em 1971 na comuna francesa, Levallois-Perret, formada em teatro, sua carreira começou na década de 1990 como atriz figurante em “As Cento e Uma Noites” (1995) de Agnès Varda. No ano seguinte, atuou em um papel pequeno em “Chaméléon” (1996), dirigido por seu atual marido, Benoît Cohen.


  Ambos trabalharam juntos com maior frequência. Éléonore atuava e escrevia roteiros para filmes de Cohen, como: “The Violettes” (2009), “Ma France à moi” (2023) e “Qui m'Aime me Suive” (2006).


  Seu primeiro trabalho com a diretora se iniciou com o curta-metragem “Maioria Oprimida” (2010), que retrata a história de um homem que sofre assédio e abuso por um grupo de mulheres, mas é julgado pelas roupas que estava vestindo.


  Seu primeiro longa-metragem se chama “Eu Não Sou Um Homem Fácil” (2018), onde conta a história de Damien, um homem machista que acorda em um mundo dominado por mulheres e sente na pele como é viver como o sexo oposto.


  As obras com participação de Éléonore retratam sobre feminismo e o poder feminino. Além de suas personagens possuírem essa personalidade crítica e política.



Kasi Lemmons


  Kasi Lemmons nasceu em 1961 no Missouri, EUA, ocupa cargos de direção, atuação e roteiro, além de ser formada em três universidades. Fez sua primeira aparição como atriz no filme “11ª Vítima” (1979) de Jonathan Kaplan. Fez participação atuando em outros filmes como: “O Silêncio dos Inocentes” (1991), “O Mistério de Candyman” (1992) e “Esquadrão da Mente” (1994).


  Sua primeira obra dirigida, e também roteirizada, foi “Amores Divididos” (1997), que rendeu a Kasi o Prêmio Independent Spirit de Melhor Primeiro Longa-Metragem. O filme conta a história de uma família que passa por períodos turbulentos após Eve, filha do casal, flagrar a traição do pai.


  O filme “Harriet” (2019) é sua maior bilheteira até o momento, que conta a história da abolicionista Harriet Tubman. A obra rendeu indicações ao Oscar, Globo de Ouro, Critics' Choice Movie Awards e venceu o Hollywood Film Awards.


  Outras obras que merecem destaque por sua direção são o filme biográfico “A Vida e a História de Madam C.J. Walker” (2020) e a minissérie “Mulheres do Movimento”, que conta a participação feminina no movimento negro.


  O foco de Lemmons é trazer figuras femininas tanto históricas quanto fictícias com histórias sobre superação, luta e política. Ela consegue moldar suas personagens sob um olhar sensível e íntimo sem perder traços de força e perseverança.



Viviane Ferreira


  Viviane nasceu em 1985 na capital da Bahia. Formada em advocacia e cinema, mestra em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília, ativista do movimento das mulheres negras e fundadora da Odun Filmes.


  Estreou na direção com o curta “Mumbi - 7 Cenas pós Burkina” (2010), onde conhecemos Mumbi, uma jovem cineasta que entra em uma crise existencial após participar de um grande evento de cinema.


  Outra obra marcante de Ferreira é o curta-metragem “O Dia de Jerusa” (2014), dirigido e roteirizado por ela. Nesta obra, acompanhamos Silvia, uma pesquisadora de mercado que acaba por conhecer Dona Jerusa, uma senhora solitária, que conta um pouco sobre sua história.


  Seis anos depois, o curta foi adaptado para um longa-metragem, “Um Dia com Jerusa” (2020), que rendeu três prêmios de Melhor Filme nos festivais: Gary Black Film Festival, CIndie Festival e Mostra de Cinema de Caruaru.


  As obras de Viviane trazem questões sociais sobre o racismo, a importância da ancestralidade e de reconhecer sua própria identidade. Retratando todos esses assuntos de uma forma leve, mas pertinente, te fazendo refletir.



Laís Bodanzky


  Laís Bodanzky nasceu em 1969, na capital de São Paulo. Formada em Cinema pela FAAP, é fundadora da Buriti Filmes junto ao marido, Luiz Bolognesi, além de ser roteirista e produtora.


  A primeira obra como diretora foi no curta-metragem “Cartão Vermelho” (1994), que aborda temas sobre sexualidade e lugar das mulheres no esporte. O curta-metragem lhe rendeu 10 prêmios em festivais nacionais e internacionais e, apesar da importância da mensagem, hoje em dia a obra divide opiniões pela forma que o assunto é mostrado.


  Algumas obras de destaque são: “Chega de Saudade” (2007), “Como Nossos Pais” (2017) e “Bicho de Sete Cabeças” (2001), filme mais premiado da carreira de Bodanzky.


  Suas histórias abordam a pressão e opressão de mulheres, além de filmes sobre a identidade brasileira e apagamento histórico dos oprimidos em sua trajetória.



Greta Gerwig


  Gerwig nasceu em 1983 na Califórnia, EUA, cursou Teatro e Musical e, posteriormente, cursou Inglês e Filosofia na faculdade.

Atuou, para o cinema, pela primeira vez no filme “LOL” (2006) de Joe Swanberg. Com quem co-dirigiu e contracenou no filme “Nights and Weekends” (2008).


  Sua primeira direção solo foi em “Lady Bird” (2017), onde acompanhamos a história de Christine, uma jovem prestes a migrar do ensino médio para a faculdade enquanto lida com drama familiar, relacionamento amoroso e a transição de adolescente para adulta. O longa-metragem acumulou mais de 200 indicações e 124 prêmios.


  Greta também dirigiu e roteirizou os filmes: “Adoráveis Mulheres” (2019), ganhando o Critics’ Choice Award de Melhor Roteiro Adaptado e outros sete prêmios. E “Barbie” (2023), sua obra com maior bilheteria até o momento, rendeu mais de 20 prêmios, incluindo outro de Melhor Roteiro Adaptado.


  Seus filmes refletem muito sobre a realidade das mulheres em relação ao amadurecimento, conflitos internos baseados em suas próprias experiências, tornando ainda mais fácil de se conectar com a face de Gerwig como além de diretora.



Iciar Bollain


  Bollain nasceu em 1967, na capital da Espanha. Começou no ramo da atuação com 15 anos de idade e, em 1985, se matriculou em artes plásticas.


  Ela estreou como atriz no filme “O Sul” (1983) de Victor Erice, que mostra a história de Estrella que, ao ir crescendo, desconstrói aos poucos a visão do que pensava que seu pai era ao descobrir os segredos do homem que tanto admira.


  Em 1990, Iciar fundou a produtora La Iguana, onde realizou sua primeira direção com o curta “Baja Corazón” (1992), com duração de apenas dois minutos.


  Seu primeiro longa-metragem dirigido foi “Olá, Você Está Sozinha?” (1995), que conta a história de duas garotas que viajam para o sul da Espanha em busca de um lugar a que pudessem pertencer. O filme ganhou os prêmios de Melhor Nova Diretora do 40th Valladolid International Film Festival e Melhor Primeiro Filme do Sant Jordi Awards.


  Bollain mostra em seus filmes, de forma muito crua, assuntos políticos e históricos como a violência, exploração, além de biografias que abordam sobre o pertencimento das pessoas na sociedade.



Sarah Polley


  A diretora, atriz e roteirista nasceu em 1979, em Toronto, cidade do Canadá. Estreou nas telas pela primeira vez, ainda muito nova, no filme “O Natal Mágico” (1985).

A partir daí, passou a atuar em séries de TV como “Ramona” (1988-1989) e filmes como “Minha Vida Sem Mim” (2003) de Isabel Coixet, onde Polley recebeu o Prêmio Genie de Melhor Atriz.


  Sua carreira na direção começou com o curta-metragem “Don’t Think Twice” (1999), onde Jake está entre a obrigação de cuidar da família ou priorizar seu caso com Casey.

Seu primeiro longa-metragem, dirigido e roteirizado, foi “Longe Dela” (2006), onde apresenta o casal Fiona e Grant, porém, quando ela apresenta sintomas de Alzheimer, ele se vê encurralado pelo desafio de deixá-la em uma casa de repouso. O filme rendeu mais de 20 prêmios, incluindo Globo de Ouro e Critics’ Choice Awards.


  O cinema de Sarah Polley traz muitas críticas relacionadas à fidelidade e como a sociedade trata mulheres, inclusive a violência sofrida por elas.



Rachel Lang


  Rachel Lang nasceu em 1984 em Estrasburgo, França. Inicialmente, se formou em Filosofia e Artes Dramáticas em seu país de origem, após um tempo se formou em Cinema no Institute of Media Arts, na Bélgica.


  Começou produzindo um curta-metragem chamado “For You I Will Fight” (2010) que acompanha a trajetória de Ana que ingressa no exército após um término turbulento. Seu segundo curta foi um prelúdio que mostra como era o relacionamento de Ana, chamado “White Turnips Make It Hard to Sleep” (2011).


  Seu primeiro filme dirigido foi “Baden, Baden” (2016), que continua a história de Ana, desta vez deixando seu trabalho para cuidar de sua avó em sua cidade natal.


  As obras de Rachel se assemelham a algumas outras cineastas já citadas, abordando transições de menina para mulher, responsabilidades, limites e amor em tempos de guerra.



Essas foram apenas algumas cineastas dentre várias outras que poderiam ser mencionadas. Cada uma possui realidades, motivações e objetivos diferentes para inspirar novos talentos femininos no nosso Brasil. E para você, leitora, feliz Dia das Mulheres.


Fontes:


Peliplat | Conhecendo - Greta Gerwig

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